Squid Game (오징어 게임) é uma série sul-coreana escrita e realizada por Hwang Dong-hyuk, com Lee Jung-jae, Park Hae-soo, Wi Ha-joon, Jung Ho-yeon, O Yeong-su, Heo Sung-tae, Anupam Tripathi e Kim Joo-ryoung nos principais papéis.
Apesar de a Coreia do Sul já ter bastantes séries de qualidade produzidas para a Netflix (como o excelente Kingdom ou Itaewon Class), a verdade é que ainda nenhuma se tornara um verdadeiro fenómeno mundial. O destaque mundial chegou inesperadamente, através do ultra violento Squid Game.
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Seong Gi-hun é um homem viciado no jogo que acumula dívidas atrás de dívidas. Divorciado e com a relação com a mãe e a filha a deteriorar-se de dia para dia, Seong Gi-hun recebe um estranho convite para participar num jogo onde supostamente pode ganhar uma quantia avultada de dinheiro.
Desesperado por dinheiro, responde afirmativamente ao desafio, acabando rapidamente por descobrir que este não é um jogo normal, mas um desafio de vida ou morte sádico, onde o vencedor saíra multimilionário.
Pergunto-me como teria sido a reacção das pessoas se o filme Battle Royale tivesse estado prontamente disponível para todo o globo ver quando foi lançado. Provavelmente a reacção teria sido similar à de Squid Game, que tem algumas semelhanças com o clássico japonês, mas que também vem impulsionado pelo recente sucesso inesperado de Parasite de Bong Joon-ho.
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O conceito de pegar em jogos de crianças para jogos onde a vida está em jogo é deliciosamente sádico, pegando no que em mais inocente podemos pensar e transformando-o num verdadeiro inferno.
Para além dos jogos, a criação de um universo próprio com códigos por símbolos, onde as pessoas são desumanizadas ao ponto de se tornarem meros números e onde a identidade de muitos dos vilões é mantida sempre em segredo, ajuda a aumentar o entusiasmo. O inventivo universo criado pela série está obviamente a ter bastante sucesso.
Numa altura em que as produções americanas se focam em muito conteúdo que reflecte problemas de gente mais rica, a Coreia do Sul continua a apostar em produções que reflectem o que de mais podre a sociedade tem para oferecer e os problemas evidentes do capitalismo desmesurado.
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O número de jogadores escolhido também reflecte vários sectores da sociedade, não pegando apenas no mais evidente, e escolhendo pessoas com backgrounds muito variados.
Uma refugiada da Coreia do Norte, um investidor corrupto falido (Sang-woo), um emigrante enganado pelas entidades patronais (Ali), um mafioso na mó de baixo (Deok-Su) ou um médico acusado de negligência, são algumas das facções aqui apresentadas.
O trabalho dos actores é fantástico, com interpretações que nos fazem sentir todo o tipo de emoções, desde o ódio visceral por alguns, pena por outros ou mesmo momentos mais emotivos que conseguem puxar à lágrima. Entre o elenco principal, o trio a destacar é o dos veteranos Lee Jung-jae e Park Hae-soo e da estreante Jung Ho-yeon.
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Se os dois primeiros vão crescendo muito em interesse durante a série até se tornarem icónicos, Jung Ho-yeon, aqui no seu primeiro papel, é provavelmente a personagem que criará mais empatia em muitos dos espectadores. De aspecto frágil, mas com uma personalidade determinada, a actriz que faz de refugiada da Coreia do Norte de certeza que dará um pulo na sua carreira no pequeno/grande ecrã após esta série.
Squid Game é excelente, sendo de esperar que a série tenha uma segunda temporada, pois são deixadas algumas questões por responder no fim desta primeira .
É meio estranho ver finalmente o conteúdo asiático a tornar-se mainstream no Ocidente, mas sem dúvida que é que mais merecido. Que continuem a vir mais séries desta qualidade que estarei aqui para as ver.